Veja os principais sintomas deste mal
Maio foi um mês sem nenhuma morte em meu setor, porém a minha preocupação estava mais em mim do que na vida das pessoas. Percebi que como médico eu estava tendo uma preocupação egocêntrica, desprovida de amor pelo próximo. Não querer a morte dos meus pacientes, especialmente daqueles que tinham condição de cura e futuro (mesmo com enfermidades graves) não é algo ruim, é bom. Mas a motivação por trás disso faz toda a diferença. Especialmente para nós que temos um Deus que sonda o nosso interior, um Deus que conhece os nossos corações.
Sempre queremos (e devemos) andar em amor. Mas muito facilmente nós andamos por motivações erradas, baseadas em sentimentos egoístas, em ativismo e em aparência. O Espírito de religiosidade é assim: sutil, por vezes imperceptível – que de alguma forma afeta – pelo menos em parte, a vida da maioria dos cristãos. A religiosidade traz morte à igreja e traz mornidão ao nosso coração. Veja o que Palavra de Deus diz:
“Não somos como Moisés, que colocava um véu sobre a face para que os israelitas não contemplassem o resplendor que se desvanecia. Na verdade as mentes deles se fecharam, pois até hoje o mesmo véu permanece quando é lida a antiga aliança. Não foi retirado, porque é somente em Cristo que ele é removido. De fato, até o dia de hoje, quando Moisés é lido, um véu cobre os seus corações. Mas quando alguém se converte ao Senhor, o véu é retirado. Ora, o Senhor é o Espírito e, onde está o Espírito do Senhor, ali há liberdade. E todos nós, que com a face descoberta contemplamos a glória do Senhor, segundo a sua imagem estamos sendo transformados com glória cada vez maior, a qual vem do Senhor, que é o Espírito” (2 Coríntios 3:13-18).
O texto acima se refere a uma correção sobre uma atitude de Moisés. Ele quando se achegava à presença de Deus, era revestido de tanta glória que era necessário colocar um véu sobre a sua face. Este véu era retirado quando a glória se desvanecia. Então, era necessário buscar a presença de Deus novamente, para novamente receber da glória de Deus.
Entretanto, em algum momento, Moisés percebeu que mesmo quando a glória se desvanecia, se ele não retirasse o véu, o povo não iria perceber, e o impacto sobre eles ou a aparência de glória se manteria. Então, talvez, fosse mais fácil agir assim, do que realmente buscar a glória de Deus.
No Shabbat do mês de abril deste ano o Senhor nos advertiu: “o cristianismo não é uma opção ou um estilo de vida fácil. Há sempre uma grande oposição natural e espiritual para interromper nossa busca de intimidade e vida com Deus. Uma grande oposição para nos impedir de lutarmos. Isto ocorre no natural através da preguiça, desânimo, desleixo, circunstâncias, tempo, afazeres, problemas, indiferença… E no espiritual ocorre na alma – com falta de fé, autocomiseração, depressão, falta de persistência, independência…”.
Da mesma maneira que Moisés estava agindo, nós também temos agido. Seja na esfera natural ou na esfera espiritual, estamos sofrendo de um mal chamado religiosidade. Sem perceber, entramos numa mesma atitude, num mesmo espírito. Começamos a andar em aparência e não mais no amor e na fome da glória e da presença de Deus. Sendo assim, a aparência externa se torna mais importante do que a essência. E a atividade mais importante do que a vontade perfeita de Deus. Isto é a religiosidade: viver de uma prática e não de um relacionamento com Deus. Isso não é bom.
AFETADOS PELA RELIGIOSIDADE
Religião significa religar o homem a Deus. A verdadeira religião é Jesus (o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por Ele – João 14.6). Precisamos andar em um relacionamento íntimo com o Senhor. Mas andar na religiosidade é justamente substituir essa intimidade por regras, ativismos e falta de discernimento sobre a grandeza da graça de Deus.
No livro “Vencendo o Espírito de Religiosidade” Rick Joyner afirma que “o simples amor por Deus e pelo próximo (um amor que vem de Deus) é a arma mais poderosa contra o mal em nossos corações e contra o mal que há no mundo. É o nosso alvo mais elevado, é o nosso foco primário”. O foco de Satanás é justamente nos manter focalizados no mal que há em nós. Porém o que Deus quer é que mantenhamos a nossa atenção Nele e não em nós mesmos. Nossa busca tem que ser o Seu amor, conforme o texto visto de 2 Coríntios: “…e todos nós, que com a face descoberta contemplamos a glória do Senhor, segundo a sua imagem estamos sendo transformados com glória cada vez maior, a qual vem do Senhor, que é o Espírito”.
Tanto Deus quanto o Diabo sabem que nos transformaremos naquilo que contemplarmos. Portanto devemos contemplar a Deus. Isto não significa que devemos ser negligentes com nossos pecados e erros, mas a questão é o que fazemos quando uma iniquidade/pecado é descoberto? Nos viramos para árvore do conhecimento do bem e do mal? E assim tentamos dar uma melhorada para sermos “aceitáveis a Deus” ou nos voltamos para a cruz de Cristo para obtermos perdão e força para vencer o pecado?
SINAIS DE ADVERTÊNCIA DE UM ESPÍRITO RELIGIOSO
Rick Joyner cita algumas advertências como um teste de verificação, para que todos possamos nos avaliar quanto ao grau de religiosidade que temos. Para ele, as principais características podem ser percebidas de diferentes maneiras. Você é religioso? Veja os sintomas e avalie-se:
1- Frequentemente verão a sua missão principal como a destruição de qualquer coisa que elas creiam ser errado: o ministério então resulta mais em divisão, rebeldia que frutos para o reino.
2- Serão incapazes de aceitar uma repreensão, especialmente daqueles que elas julgam ser menos espirituais: se tornam, então, incorrigíveis, avessos à sabedoria e ao crescimento.
3- Terão uma filosofia de “não vou ouvir as pessoas, mas apenas a Deus”.
4- Serão pessoas inclinadas a ver mais o errado do que o certo em outras pessoas, em outras igrejas, etc.
5- Serão sujeitas a um tremendo sentimento de culpa de que nunca conseguirão alcançar os padrões do Senhor: a culpa é uma das raízes do espirito de religiosidade, porque faz com que a base do nosso relacionamento com Ele seja baseado em nosso desempenho e não pela cruz. Jesus já conseguiu tudo para nós. Nosso objetivo deve ser permanecer Nele.
6- Contam pontos na sua vida espiritual: sentem-se melhores porque vão à mais reuniões, leem mais a Bíblia, fazem mais coisas para o Senhor. Estes são esforços nobres, porém a verdadeira medida da maturidade espiritual é estarmos cada vez mais pertos do Senhor.
7- Creem que foram designadas para consertar todo mundo: são como vigias ou xerifes “autodesignados por Deus”. Em vez de edificar, geralmente deixam a igreja agitada, num estado de contrariedade e podem causar divisões sérias.
8- Terão um estilo de liderança que é “mandão”, dominador e intolerante com a fraqueza ou falha dos outros. Mas Tiago 3.17-18 adverte “mas a sabedoria que vem do alto é antes de tudo pura; depois, pacífica, amável, compreensiva, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial e sincera. O fruto da justiça semeia-se em paz para os pacificadores”.
9- Terão um senso de que estão mais próximas de Deus do que as outras pessoas, ou de que sua vida e ministério são mais agradáveis à Ele: creem que nos aproximamos mais de Deus pelo que somos e não por Jesus.
10- Ficarão orgulhosas da sua maturidade e disciplina espiritual, especialmente quando comparadas com outros: Comparar-se com outros é ilusão, o ponto de vista verdadeiro e alvo é Jesus.
11- Crerão que elas estão na vanguarda do que Deus está fazendo: pensam estar envolvidas na coisa mais importante que Deus está fazendo, se comparando com outros.
12- Terão uma vida de oração mecânica: sentirão alívio seu nosso tempo de oração acabou, ou porque acabaram os itens da lista de oração. Nós nunca nos sentimos aliviados quando terminam as nossas conversas com alguém que amamos.
13- Farão coisas a fim de serem notadas pelas pessoas, especialmente seus líderes: vivem num sintoma de idolatria, temem mais as pessoas do que o Senhor. Éo mal de servir homens ao invés de servir à Deus.
14- Terão grande repulsa pelo emocionalismo: a verdadeira paixão por Deus é com frequência emocional e demonstrativa, como é visto em 2 Samuel 6.14-16 onde Davi andou despido de suas vestes reais.
15- Usarão o emocionalismo como substituto para a obra do Espírito Santo: é o outro ponto da balança. É requerer, por exemplo, choro e gemido como forma de arrependimento, ou “cair pelo poder” como evidência de que foi tocado por Deus.
16- Serão encorajadas quando seu ministério parecer melhor do que os outros ou também ficarão desanimadas quando parecer que os outros estão em melhor situação ou crescendo mais rapidamente.
17- Darão mais glória pelo que Deus fez no passado do que pelo que Ele está fazendo no presente: uma nostalgia ingrata.
18- Tenderão a suspeitar ou a se opor aos novos movimentos, igrejas, etc.: é o sintoma de inveja. É como se Deus não fosse fazer nada de novo se não for através de nós.
19- Tenderão a rejeitar as manifestações espirituais que não compreendem: possuem o sintoma de orgulho e arrogância de achar que as nossas opiniões são as mesmas de Deus. A verdadeira Humildade nos mantém ensináveis e abertos antes de fazermos julgamentos. 1 Tessalonicenses 5:21 nos ensina “Examinai tudo, retende o bem (não o que é mal)”.
20- Reagirão de forma exagerada à carnalidade na igreja: temos que aprender a ver o progresso espiritual na vida das pessoas e não o quanto há de carnalidade em cada um. Todos estão sendo trabalhados por Deus, até o fim.
21- Reagirão de forma exagerada à imaturidades na igreja: não consideram outros fatores importantes.
22- Serão muito inclinadas a ver manifestações sobrenaturais como evidência da aprovação de Deus: assim, possuem a tendência de achar que somente os ministérios que se manifestam com evidência de milagres são ministérios verdadeiros e os que não manifestam tais proezas, se desviaram do caminho da vida.
23- Serão incapazes de se juntar a algo que não considerem perfeito ou quase perfeito: se esquecem que o Senhor se juntou e se entregou por uma raça humana caída, assim é a natureza daqueles que permanecem Nele.
24- Serão muito paranóicos com relação ao espírito de religiosidade: não podemos nos libertar de algo se estivermos tendo medo desse algo.
25- Terão a tendência de glorificar qualquer coisa exceto a cruz de Jesus, o que Ele realizou e quem Ele é: qualquer outro fundamento que não seja o Senhor é abalável – somente Ele é a rocha eterna.
COMO COMBATER A RELIGIOSIDADE
Todos nós provavelmente estamos sujeitos ao espírito de religiosidade em algum grau. O Apóstolo Paulo exortou em 2 Coríntios 13.5 “Examinai-vos a vós mesmos se permaneceis na fé”. Neste sentido, o autor Rick Joyncer aponta um diagnóstico para combatermos os sintomas da religiosidade. Acompanhe:
1- Desenvolva um relacionamento com Deus: fazer suas obras em segredo diante do Pai. Com isso depositaremos nossa confiança e esperança em nosso relacionamento com Ele. Nossa maior segurança é ser reconhecido por Ele, como descrito em João 5.44 “Como vocês podem crer, se aceitam glória uns dos outros, mas não procuram a glória que vem do Deus único?“.
2- Ore para que o mesmo amor com que o Pai amou o filho esteja em você: em João 17.26 Jesus ora para o mesmo amor com que o Pai o amou esteja também em nós. Quando isso for real, não haverá mais dever religioso e sim prazer pelas coisas de Deus.
3- “Estude para te apresentar aprovado à Deus” (2 Tm. 2.15): devemos estudar a palavra de Deus a fim de buscá-lo e fazer o que é aprovado por Ele e não pelos homens.
4- Passe tempo de qualidade sozinho com o Senhor a cada dia: quanto mais tempo com Ele, menos culpa e menos tentativas de nos justificar pelas obras.
5- Procure ouvir a voz de Deus todos os dias: as ovelhas do Senhor conhecem a Sua voz (Jo. 10.27) porque passam tempo com Ele.
6- Peça ao Senhor para nos dar o amor pelos nossos vizinhos (pessoas próximas) que Ele mesmo tem por eles: batismo de angústia para Salvação dos perdidos.
7- Procure transformar suas críticas em intercessão: a primeira resposta diante de algo errado é orar pedindo graça a favor da pessoas, especialmente pelos que te irritam.
8- Peça continuamente ao Senhor para ver a Sua glória: é vendo a Sua glória com a face descoberta que somos transformados à Sua mesma imagem.
9- Mantenha como um dos seus alvos mais elevados manifestar a doce fragrância do conhecimento de Deus em todos lugar: peça para Deus não enviá-lo a não ser que a Sua presença manifesta estiver indo juntamente com você. Nós devemos querer estar onde Ele está e nos comportar de modo compatível com a presença do Rei.
10- Quando você deixou de fazer alguma das coisas listadas acima, do modo adequado, peça perdão, e busque forças Nele para vencer suas fraquezas: Filipenses 3.13b-14 diz “esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus”.
Que possamos todos os dias em oração e vigília combater este mal chamado religiosidade.
Pr. Eberson Sousa
Igreja de Florianópolis – Proclamando a Verdade