“…Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo” (Jo.16:33b)
Vou começar esse texto confessando que tenho sérios problemas com comparação e que travo uma luta constante contra ela. Esclarecido isso, vamos ao que interessa. Acredito que esse hábito de se comparar com os outros vem de criação. Quem nunca ouviu dos pais, professores ou qualquer outro adulto as frases: O fulaninho foi bem na prova e você não… o fulaninho se comporta e você não… o fulaninho arruma a cama e você não.. e por aí segue. Ainda hoje esse discurso se repete, mas agora eu sou minha própria algoz, e tais palavras continuam provocando a velha sensação de que o outro é melhor do que eu, mais capaz, mais isso, mais aquilo, e o pensamento de que sou pessoa ruim/fraca me inunda, e com ele o sentimento de culpa por não ser a pessoa a quem me comparo.
E aí começa o problema: EU NÃO SOU O OUTRO! Será que nos lembramos disso? Será que eu me lembro que sou um indivíduo único, com características únicas e que, se nem irmãos gêmeos univitelinos são idênticos em temperamentos e comportamentos, por que eu seria com os outros 8 bilhões de pessoas do mundo, ou com aqueles a quem me comparo?
E se é pra falar sobre comparação, que tal descortinar o sentimento que a move? INVEJA!! Esse mesmo!! E se você estiver se perguntando de onde eu tirei isso, observe os pensamentos que você tem quando se compara a alguém. Geralmente é assim: por que o outro tem e eu não? Por que o outro faz e eu não? Queria ser como o fulano… ou seja, invejo o fulano por coisas que ele faz, por coisas que ele tem, e Salomão (lembra que ele foi o homem mais sábio que já existiu? Então…) afirmou que “o ânimo sereno é a vida do corpo, mas a inveja é a podridão dos ossos” (Pv. 14:30). Sim meus queridos, a inveja adoece. E quer ouvir algo interessante? Sabia que quando você sente inveja, você ativa a região do seu cérebro que está relacionada a dor física e emocional? Sim… a inveja dói o corpo, dando início a um ciclo vicioso: inveja – culpa – dor – inveja – culpa – dor, e por aí vai, uma roda talvez girará até ao ponto de você desenvolver uma doença física. Lembre-se: A inveja adoece os ossos.
Outro ponto que vale ressaltar é que, se você sente inveja do outro, você muito provavelmente não sabe quem você é, ou seja, QUAL A SUA IDENTIDADE. Conversando com alguém esses dias que estava sofrendo por não conseguir se comportar como o outro, me veio à mente uma situação de estratégia de guerra. Veja bem, quando uma guerra acontece e alguém sai vitorioso, você quer saber qual foi a estratégia do vencedor, certo? Ok, mas e se o vencedor tinha 10 mil soldados e você só tem 4 mil? Como faz? Se você tentar aplicar exatamente a mesma estratégia, muito provavelmente irá perder. E se você criar uma estratégia a partir dos soldados que você tem? Entende onde quero chegar? As perguntas que precisamos aprender a fazer são: Quem eu sou? Qual a minha história de vida? Qual é a minha genética? Qual o meu meio? E, principalmente, qual o propósito de Deus para a minha vida? E agora você pode dizer (e aqui vem novamente as comparações) “Ahh Taira, mas a Joelma casou e eu não, o João abriu uma empresa e eu continuo como empregado, a Maria viajou o mundo e eu só fui até São Paulo”. E daí? “Porque sou Eu que conheço os planos que tenho para vocês, diz o Senhor, planos de fazê-los prosperar e não de lhes causar dano, planos de dar-lhes esperança e um futuro (Jr. 29:11). O plano dEle é sempre melhor. Quando Deus levantou Jeremias como profeta, Ele disse “antes que Eu te formasse no ventre materno Eu te conheci, e, antes que saísses da madre, te consagrei, e te constituí profeta às nações” (Jr.1:5). Essa palavra não se aplica a Jeremias apenas, todos nós fomos desejados e planejados antes mesmo dos nossos pais se conhecerem. Você nasceu com um plano e um propósito feito unicamente para você.
Há algum tempo estava conversando com a minha pastora sobre uma área débil que eu tenho e me lamentando pela dificuldade em vence-la (sim, a comparação com todo o resto do mundo que consegue vencer isso e eu não estava presente na lamentação) e ela me disse uma coisa que marcou a minha vida: “Taira, quem sabe esse seja o seu chamado, ajudar pessoas que passam pela mesma dificuldade que você”. Essa palavra virou uma chave na minha mente e no meu coração. Não, aquilo que era difícil não ficou fácil. Continua sendo uma área delicada e que requer a minha atenção constante. Mas hoje eu olho pra esse obstáculo não mais com culpa, mas com uma nova perspectiva, um novo propósito. Aceitei que algumas pessoas tem mais facilidade em certas coisas do que eu, e está tudo bem, porque eu também tenho certas facilidades que outros não tem. Percebe como a perspectiva sobre a situação muda?
Aqui eu começo a falar sobre inspiração, e não comparação. Você sabe a diferença? Na comparação o que está sendo visto é melhor, mais bonito, mais legal e, na maioria das vezes, eu ignoro a história por trás daquilo que estou usando como comparação, o que gera auto-depreciação (ou seja, Deus você falhou seriamente comigo e/ou eu não concordo com o que você fez. Petulante, não?), e na inspiração nós observamos e refletimos sobre os passos que determinada pessoa deu para chegar naquele lugar, nos estimulando a dar um passo de cada vez em direção ao que queremos. Lembra da estratégia de guerra? Então, quando eu me inspiro em alguém, eu posso adequar a estratégia do outro à minha realidade ou até mesmo descarta-la e criar uma nova por perceber que aquilo não se aplica a mim.
Quero então te deixar 3 convites:
1 – Confesse o pecado da inveja. Esse pecado, além de te impedir de ver o que Deus planejou pra você, te coloca como julgador do próprio Deus. O diabo é astuto e ele irá usar todas as ferramentas possíveis para destruir a sua relação com o seu Criador.
2 – Descubra as suas potencialidades, aquilo que Deus te deu e invista nisso. Seja como o servo que multiplicou os talentos confiados a ele (Mt. 25:14-30).
3 – Cuide dos seus pensamentos. Lembre-se do que o Apóstolo Paulo nos ensinou “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm. 12:2 – grifo meu), e “por fim irmãos, quero lhes dizer só mais uma coisa. Concentrem-se em tudo que é verdadeiro, tudo que é nobre, tudo o que é correto, tudo que é puro, tudo que é amável e tudo o que é admirável. Pensem no que é excelente e digno de louvor” (Fp. 4:8).
Lembre-se que Deus não nos prometeu uma vida sem lutas, mas com certeza ele nos prometeu a vitória. “…Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo” (Jo.16:33b).
Taira Elisa de Souza – Psicóloga Clínica
Nação dos Montes – Unidos pelo mesmo amor, Jesus