Um relato sobre a jornada pela Turquia
Eram 21h de um sábado totalmente atípico. Estava prestes a me separar de um grupo de dezessete amigos e partir para uma terra desconhecida, onde permaneceria por uma semana a pedido do Rei. Foram instantes de um certo nervosismo, pois após dez dias sempre amparado por eles, agora dependeria exclusivamente dEle. No gigante aeroporto de Roma, ironicamente fui junto com o grupo até o portão G, de onde segui para o G12 e os demais para o G3. Ali entendi que estava “sozinho” e, de súbito, fiquei sem reação, pois não fazia ideia do que me aguardava. Era muita apreensão. Contudo, ainda na escada rolante que levava ao portão final invoquei o nome do Senhor. Com os olhos nas coisas do alto, entendi algumas conexões entre corpo, alma e espírito, e percebi a grande necessidade de sermos devidamente adestrados em espírito. Não havia porque temer, afinal Ele queria atuar e se manifestar como o “me basta” em todo tempo. Ele quer atuar e se manifestar como o “nos basta” em todo tempo! Basta que Seu Nome seja invocado.
Já na poltrona do avião me dei conta de que a jornada pela Turquia estava apenas começando, jornada essa que começaria por Istambul, continuaria pela Capadócia e terminaria nas sete igrejas do Apocalipse. Aqui será compartilhado um pouco sobre a primeira parte da viagem missionária, que contemplou a quinta maior cidade do mundo e a terra cuja paisagem se assemelha à superfície lunar.
Istambul corresponde, atualmente, à antiga Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente. Visando expandir seu poder, em 11 de maio de 330 d.C. o imperador Constantino fortaleceu o domínio oriental do até então maior governo do mundo sedimentando suas fronteiras em terras que hoje pertencem à Turquia. A cidade, cujo nome evidentemente homenageia o imperador, foi renomeada e conquistada por diferentes povos até finalmente se chamar Istambul, que foi a capital de uma Turquia ainda não unificada até o início do século XX. Quando já formada a República da Turquia, em 1927 sua capital estrategicamente passou a ser Ankara, pois situa-se mais ao centro do país. E este é um dos pontos interessantes de Istambul: a cidade situa-se no noroeste da Turquia, tendo o Estreito do Bósforo dividindo-a em duas partes, uma asiática e a outra européia. Nenhuma outra cidade do mundo ocupa dois continentes.
Desembarquei em Istambul cerca de 1h da manhã, e o domingo que se seguiu foi longo. Havia uma série de lugares cuja intercessão se fazia necessária, sendo que o primeiro foi uma praça situada entre a antiga basílica de Santa Sofia e a Mesquita Azul. Esta basílica passou por uma série de formatos e assumiu diferentes finalidades, sendo uma delas a dedicação ao Logos, ou seja, a Jesus Cristo (360 d.C.). Todavia, o Império Otomano, liderado pelo sultão Mehmed II conquistou Constantinopla e, consequentemente, a catedral foi transformada em mesquita (1453). Quase cinco séculos se passaram até que a mesquita fosse convertida em museu (1931). Esta tomada pelos otomanos e a vigência do islamismo explica porquê 99,8% da Turquia é muçulmana, sendo o 31º país que mais persegue o cristianismo. A Mesquita Azul, construída pelo sultão Ahmed I e por isso também conhecida como Sultanahmet Camii, em turco, foi construída em 1616 bem em frente à catedral. O sultão ordenou que ela ficasse ainda mais vistosa que Santa Sofia, simbolizando a tomada de domínio pelo islamismo frente ao cristianismo.
Em meio ao contexto descrito acima foi levantada a primeira intercessão na Turquia nesta viagem (24/02/2013). Durante esta intercessão o Senhor nos mostrou, como igreja, que este país tem um certo destaque no cenário do cristianismo pois por séculos e séculos tem tido sede dEle e do Seu amor. Embora seja um povo de dura cerviz, creu, e esta credulidade fez com que muitos cristãos saissem da Turquia e se tornassem mártires em Jerusalém, Roma e por toda a África, Ásia e Oceania. Nos tempos de Pedro, Paulo e João alguns missionários turcos invadiram a terra, propagando o evangelho. Atualmente, contudo, o povo está seco mas continua com fome de Deus. A história da Turquia mudou, e as pequenas comunidades cristãs serão incendiadas e seus líderes fortalecidos. O avivamento será novamente forte neste país!
Deixando a praça, visitei o interior tanto da Mesquita Azul como da basílica de Santa Sofia, e de lá parti para a cisterna da basílica, poucos metros ao lado desta. Em todo o tempo o Espírito intercedia pela nação, derramando profeticamente as boas novas sobre todas as vidas que pisavam aquelas terras. Um pouco mais distante ficava o luxuoso palácio de Topkapi, com exposições das vestimentas e adornos de pedras e metais preciosos dos sultões, bem como diversos aposentos e regiões que na época eram restritas a poucos, como o harém. Isto tudo se passou basicamente no lado europeu de Istambul, mais precisamente no bairro Sultanahmet. Do palácio Topkapi pode ser visto o lado asiático da Turquia. A maneira mais turística de se atingir a Ásia é navegando pelo Estreito do Bósforo, delimitado pelo Mar Negro (Norte) e o Mar de Mármara (Sul). Para tanto, dirigi-me ao porto de Eminonu e tomei uma das embarcações que fazia tal trajeto. O passeio é maravilhoso, e se pode contemplar toda a engenhosidade e arquitetura dos turcos em seus imponentes palácios à beira-mar.
Em suma, este dia em Istambul fez com que eu pudesse perceber a urgência de salvação que permeia o dia a dia do turco. Apesar de haver mesquitas por todos os lados e constante reverência a Alá, o povo anseia pela Verdade de vida e deixa transparecer seu cansaço por tantos séculos de engano após engano.
– Gabriel Ferrari
Igreja de Florianópolis – Proclamando a Verdade