As porções de Deus escondidas numa terra onde a Igreja começou

         Após os atos proféticos na Grécia e Itália, junto com o grupo da Igreja de Florianópolis, Gabriel Ferrari continuou a sua jornada de intercessão nas nações. Depois um breve tempo em Istambul, ele partiu para Capadócia, onde descreve aqui a sua jornada.

Na manhã de segunda-feira tomei um voo para a famosa Capadócia, situada no centro-leste da Turquia. Trata-se não de um estado ou uma cidade, e sim de uma região com determinadas particularidades. A mais notória delas é o fato de ter havido intensa atividade vulcânica há milhões de anos atrás, cuja substância cobriu a terra tal que esta, após mudanças climáticas, foi sumariamente fendida e teve o solo desagregado. Infiltrações de água e neve no solo acentuaram a erosão, propiciando a formação de cones de material resistente (às vezes chamados de “chaminés de fada”) e enormes vales. Isto tudo forma um cenário único no mundo, semelhante ao que se vê de fotos tiradas da superfície da lua. Por isso são comuns e diários os voos de balão sobre a Capadócia, para que seus vales e chaminés de fada sejam devidamente apreciados.

Além disso, no ano de 275 d.C. ali teria nascido Jorge, um soldado cristão do Império Romano. Sob o comando do imperador Diocleciano, no ano de 302 foram feitos prisioneiros todos os soldados que não oferecessem sacrifícios aos deuses romanos. Como Jorge era extremamente fiel ao Senhor, foi tentado e torturado diversas vezes a fim de que negasse Seu Nome. Tendo o imperador desistido das tentativas, ordenou que fosse decapitado. Esta foi a razão pela qual a Igreja Católica hoje venera a São Jorge, cuja correspondência nas religiões afro-brasileiras é o Ogum. Atualmente encontram-se diversos memoriais a Jorge na região da Capadócia, todos com caráter católico ortodoxo, principalmente em cavernas que antigamente funcionavam como igrejas.

Biblicamente, contudo, a Capadócia desempenha um papel fundamental no grande dia da descida do Espírito Santo, que culminou na formação da Igreja do Senhor:

E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.
E em Jerusalém estavam habitando judeus, homens religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu.
E, quando aquele som ocorreu, ajuntou-se uma multidão, e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua.
E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! não são galileus todos esses homens que estão falando?
Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?
Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e Ásia.
(Atos 2:4-10).

        Ainda, a primeira carta do apóstolo Pedro dirigiu-se também aos cristãos da Capadócia, em uma exortação à santidade e ao compromisso com o Senhor: 

Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos estrangeiros dispersos no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia (1 Pedro 1:1).

Como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância;
Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver.  
(1 Pedro 1:14-16).

          O fato é que assim como as lavas vulcânicas encobriram a verdadeira terra da Capadócia, todas estas porções que Deus derramou sobre a região estão escondidas. Nos três dias em que este solo foi percorrido houve intercessão pelo povo e adoração ao Senhor, tendo sido levantados altares que um dia receberam o favor do Rei. Os ares da Capadócia foram também desbravados durante um voo de balão, durante o qual Verdade e Vida fluiram do trono de Deus para aqueles habitantes.

A Capadócia serviu de refúgio para muitos cristãos da igreja primitiva quando começaram as perseguições. Pelo fato de haver inúmeras cavernas como resultado de erupções vulcânicas, os crentes da própria região e estrangeiros escolhiam estes lugares como esconderijo do voraz Império Romano. Há muitas cidades subterrâneas na localidade, que construídas com muita engenhosidade podiam abrigar e manter diversas famílias por muito tempo, devido à alta capacidade de armazenamento de alimentos. Certamente estas cidades também serviam de esconderijo para os cristãos. Em nossa peregrinação, visitamos a cidade de Kaymakli.

Nas igrejas de pedra, principalmente no vale de Soganli, onde São Jorge e demais eram reverenciados, houve um clamor para que a Capadócia não perecesse sob este engano, e que o Brasil não fosse contaminado através da mídia, que tanto tem explorado negativamente a região.

Todavia, algo interessante aconteceu ainda antes de chegar a Soganli. Desde a aterrissagem no aeroporto de Nevsehir vi muitas montanhas nevadas, e percebi que o Senhor queria uma adoração próximo a elas (algumas delas eram, de fato, vulcões). Ainda não sabia como fazê-lo, pois eram locais pouco turísticos e, de certo modo, distantes de onde estava hospedado. No entanto, no caminho de carro até Soganli notei que me aproximava cada vez mais de um dos vulcões. Como deveria de qualquer modo chegar até o vale de Guzelöz (cidade próxima de Soganli), onde Jorge teria nascido, decidi tomar a estrada em direção ao vulcão na volta de Guzelöz. E assim o fiz, passando por estradas desertas sem nenhum sinal de vida. Apenas dezenas de quilômetros adiante consegui enxergar pequenos vilarejos, extremamente pacatos. Percorrendo mais um pouco, o vulcão foi aparecendo cada vez mais, até que em dado ponto pude contemplar todo o seu vale de vegetação peculiar, tendo ao fundo um belo lago azul. Próximo de onde havia estacionado começava um vilarejo, que se estendia até o vale. Nunca havia estado em uma região tão distante da urbanização. Tive a impressão de ter voltado séculos atrás e estar em uma espécie de sistema feudal. Ali foi levantado um altar ao Senhor, conforme Ele havia direcionado. Este cenário despertou tremenda angústia, pois aquele povo (Kavak/Gulbayir) estava distante de qualquer contato com o evangelho. Intercessão nestes lugares abre caminho para o evangelismo e destrona os espíritos que perturbam e aprisionam mentes vazias. É necessário que nos angustiemos de modo que um povo, outrora esquecido, seja trazido à luz nos mundos espiritual e natural. Agora, este povo será alvo de missões e sementes chegarão até eles. Não mais estarão escondidos, mas a eles haverá acesso para a Palavra da Vida.

Dei-me conta, então, da atual situação da igreja frente à abreviação do fim dos tempos: acaso não nos envergonhamos ao sabermos que há potestades regendo povos e nada fazemos? Acaso não nos abate a verdade de que vidas tem sido marionetes nas mãos de demônios? Nosso coração insiste em renunciar ao batismo de angústia só porque soa assustador e requer morte da carne. Este batismo, todavia, é necessário para que agrademos ao coração do Pai, pois assim em nosso interior arderá o que arde nEle. Sal da terra e luz do mundo, despertemos! Despertemos! Já é hora da colheita! Como ouvirão se não há quem pregue? Como crerão e se batizarão se não há quem se batize em angústia? Chore, Igreja! Participe do sofrimento de Cristo! Olhe para o outro e pense que amanhã, talvez, vocês estarão em mundos espirituais completamente opostos (céu/inferno)! Poderia ser você no seu lugar, mas a semente caiu na sua terra. Aliás, você não deve se orgulhar da sua salvação, pois ela é graça. Você não é semente nem glória, você é terra. Enquanto terra, cuide para não secar. Atraia a chuva do Senhor, dance na chuva. Mas, ainda que venha a chuva e molhe a terra e a figueira não floresça, alegre-se no Senhor, pois Ele te basta.

Hoje, a luz e o fogo da presença do Senhor hão de ser levados para que haja restauraçãoo da fertilidade da Terra, assim como um dia a luz nos alcançou e somos terra fértil. Este é o grande evangelho, o grande movimento e o grande avivamento. Obedeçaamos ao Senhor e seja tudo dEle, por Ele e para Ele!

– Gabriel Ferrari

Igreja de Florianópolis – Unidos pelo mesmo amor, Jesus

 

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