Paternidade, Identidade e Propósito são três verdades que têm se mostrado extremamente importantes na nossa caminhada com Cristo. São como um cordão de três dobras.
PATERNIDADE
Paternidade é origem. Deus é Pai. Sua essência é a paternidade – isto revela o Seu coração. A Palavra fala que Deus é Amor – esta é a essência de Deus. Na parábola do filho pródigo, o momento em que ele se encontra no fundo do poço ele se lembra de sua origem. Apesar do aparente temor com o seu pai (ele se coloca em uma posição de servo), em seu coração ele tinha uma certeza: o seu pai teria misericórdia.
Sangue do meu sangue, ossos dos meus ossos. Família é um relacionamento irrevogável; apesar dos erros, defeitos e falhas de caráter, a família possui uma aliança incontestável – uma aliança de sangue. DNA. O filho pródigo sabia disto e confiou no poder do sangue.
Quem eu sou? Por que eu sou assim? Por que meus olhos são claros/escuros? Por que meu cabelo é liso/cacheado?
A adoção é mais emocional do que física, mas ela se completa na imagem e semelhança. “Ao fiel te revelas fiel Ao irrepreensível te revelas irrepreensível, ao puro te revelas puro mas com o perverso reages à altura” (Salmos 18:25-26).
É muito comum, quando nos aproximamos de Deus, olharmos para nós mesmos, para nossos pecados, e, nos sentirmos indignos para adentrarmos em Sua Presença. No entanto a Palavra nos assegura que, através do Sangue de Jesus podemos nos achegar ao Pai com ousadia. Ele não vai nos rejeitar (a parábola do filho pródigo nos ensina isto). O amor perfeito expulsa todo o medo, pois o medo supõe castigo.
Deus se apresentava, no velho testamento, como um Deus legislador. A Lei era: olho por olho, dente por dente. Isto porque, a lei foi o tutor da humanidade até Cristo. A imagem de um Deus irado pronto para nos punir ensinou o Homem a temer. Deus continua sendo Juiz, mas a misericórdia triunfa sobre o julgamento. O tempo da Lei foi como a fase da criação de filhos em que os pais precisam disciplinar com vara de correção. Isto, as vezes, cria a figura de um pai irado na mente da criança – a figura de proteção se torna uma figura de medo.
O amor perfeito (maduro) expulsa todo o medo. Expulsar o medo é como a purificação do ouro. Por causa da correção, o medo mistura-se ao temor. No amor perfeito não se anula o temor, mas expulsa-se o medo. Muitas pessoas crescem tendo medo de seus pais, querendo-os agradar em todo tempo, anulando a si mesmos. A maturidade expulsa a figura de um pai irado e nos converte ao amor maduro. Simplesmente amor. Muitos têm dificuldade de se aproximar do Pai por causa disto – a figura paterna irada. O convencimento do amor e Paternidade de Deus, porém, é obra do Espírito. Ele testifica que somos filhos.
Uma igreja que não tem revelação de Paternidade não consegue se sentir amada e muito menos amar o próximo. Sem a revelação de Paternidade não conseguimos amar os perdidos, os filhos pródigos. Sem a Paternidade a Lei predomina – ordem sobre ordem, regra sobre regra. A Lei do Espírito, porém, é o amor. Muito amou quem muito é perdoado.
Enquanto que a mãe é uma figura de provisão emocional num lar (carinho, cuidado, etc), o pai é quem constrói o caráter dos filhos. A responsabilidade parental é uma das tarefas mais difíceis, onde se exige muita maturidade.
Na figura de um lar, os pais dividem funções que devem ser exercidas para o funcionamento saudável da família. Somos corpo, alma e espírito e estas três áreas devem ser bem administradas para que não haja carência em nenhuma parte. Obviamente, como seres humanos que somos, em alguma parte iremos falhar, mas a maturidade traz responsabilidade diante dos erros.
A Paternidade produz três verdades em nós: segurança, provisão e direção. Provisão não é somente financeira, mas também espiritual e emocional. O Pai usa, muitas vezes, outras pessoas para serem canal de provisão, onde o Pai pode suprir e tocar o próximo. Da mesma forma, a proteção e direção do Pai se manifestam nos três âmbitos do Homem: corpo, alma e espírito. Direção tem a ver com propósito, o que veremos mais à frente. Segurança, provisão e direção significam: Sabedoria. Sabedoria traz proteção (Pv 4:6; Ecl 7:12). Sabedoria traz provisão (Pv 3:16; Pv 8:18). Sabedoria traz direção (Pv 4:10). Muitos, porém, enxergam Sabedoria como algo religioso ou hipócrita, de pessoas que falam, mas não fazem. Sabedoria é praticar o que se sabe e ensinar o que se pratica.
Em Provérbios, Sabedoria se apresenta de forma paternal; quando nos aproximamos de Sabedoria, e, nos permitimos sermos adotados por ela, tornamo-nos sábios. O Pai, porém, não é a Sabedoria, mas Ele usa a Sabedoria para comunicar Seu amor a nós. Sabedoria é a voz de Deus.
Quem é o Pai? O Pai é o Ancião de Dias. Quem vê Jesus, vê o Pai, e, por isto, João enxerga Jesus nesta mesma unção (em apocalipse – Jesus com cabelos brancos e olhos de fogo). Todo aquele que se aproxima do Pai é chamado a ser um pai através dEle. Isto aconteceu com Abraão. Por isto que, os mais próximos do Pai são parecidos com Ele, são anciãos (é uma unção que fica sobre os mais próximos – os 24 anciãos). Ser um ancião/pai é ser um intercessor; a paternidade se dá em lágrimas, gemidos inexprimíveis, para a formação do caráter de Cristo na igreja. Quem é menor na terra (intercessão/humilhação) é maior no Reino dos Céus.
Quanto mais maduros, mais entendemos a nossa total dependência de Deus, e, isto nos mantém humildes como crianças e perseverantes na busca por Ele. Quando perdemos esta verdade, a religiosidade toma conta e nos baseamos em nós mesmos. É necessário ser humilde como uma criança (coração) e maduro como adulto (na mente).
Acredito que conhecer a paternidade de Deus por Sua Sabedoria gere segurança, confiança e paz ao indivíduo, mas entendo que a Vontade de Deus é que conheçamos não somente a Sua provisão – como crianças que recebem, mas nos tornarmos iguais a Ele – pais que geram e também sustentam e direcionam.
IDENTIDADE
O Sangue de Jesus tem poder de mudar o nosso código genético espiritual, portanto, aquele que roubava agora trabalha para ter o que repartir. Ou seja, ele tem poder para não somente fazer o Homem parar de praticar as obras da carne, mas também para frutificar o fruto do Espírito. O Sangue de Jesus muda a nossa identidade.
O nosso código genético diz muito a nosso respeito: nosso corpo, nossa etnia, nosso passado, nossa origem. Cada povo possui traços distintos que constituem a sua identidade e consequentemente sua cosmovisão.
A sociologia fala que a nossa identidade é formada das nossas memórias. Memória é diferente de história. História são os relatos objetivos da nossa linha de tempo – sem cortes, pausas ou censuras. Memória, por outro lado, é a visão que o protagonista tem de si mesmo, de sua linha de tempo. Enquanto que a história não pode ser alterada, a memória pode e deve ser. Alterar a memória não é mentir ou adulterar sua história, mas ter a autoridade e autonomia de esquecer e superar fatos que não mais concordam com seus valores. Antes eu era assim, hoje não sou mais. Ajustar a memória do passado é metamorfose. Ajustar a memória é endireitar a visão para o futuro.
Nós somos geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus. Entender isto é andar em uma nova identidade. Deus criou o Homem como alma vivente. O novo Adão, porém, é espírito de vida. Nossa antiga identidade era baseada na alma, nossa nova identidade, porém, é baseada no espírito. Construir a nossa identidade a partir do espírito é construir uma casa sobre a Rocha – que é Cristo em nós.
PROPÓSITO
A Palavra nos mostra que desde antes da criação do mundo, Deus já pensava e tinha planos sobre cada indivíduo. Deus escreveu em livros todos os propósitos do homens em cada detalhe. Seus planos são mais altos que os nossos.
O Espírito Santo é aquele que tem a incumbência de sondar estes propósitos e nos revelar no tempo devido. O caminho do justo é como a luz da alvorada que vai brilhando cada vez mais até a parte mais quente do dia, ou seja, os propósitos são revelados gradualmente conforme a sua caminhada com Deus.
Quem fala em mistério não fala a homem, mas a Deus e Deus lhe concede resposta. A oração em línguas é um dos métodos para se buscar a revelação dos planos de Deus para nós. O caminho da maturidade necessita da revelação do propósito. É necessário claridade.
CONCLUSÃO
Quem revela a identidade, Paternidade e propósito é o Espírito Santo – uma das formas com que Ele realiza isto é através da profecia. Quando Deus fala, três obras são realizadas pelo Espírito: edificação, exortação e consolo. Estas três obras operam na identidade, paternidade e propósito. Quando um profeta traz uma palavra de Deus sobre uma pessoa, geralmente Deus: revela a identidade (individualidade) da pessoa, se mostra como Pai e traz a luz algum propósito que ele planejou sobre a pessoa. A nova geração não terá o mesmo tempo que a antiga, por isto é de extrema importância que se estabeleçam estas três verdades nos corações para que possam cumprir tudo o que foram chamados para cumprir: identidade, paternidade e propósito.
Levi Santos – diácono da Nação dos Montes
Nação dos Montes