Em Mateus 12:25 encontramos a seguinte passagem:

“Como Jesus conhecia os pensamentos deles, disse‑lhes: ― Todo reino dividido contra si mesmo será arruinado, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá”.

O contexto desta afirmação de Jesus vem de um momento em que Ele acabara de libertar um endemoniado (que também era cego e mudo) da prisão espiritual de Satanás. Jesus havia curado ele da cegueira e da mudez. Mesmo assim, ainda que presenciando os milagres feitos e a libertação promovida pelo Messias, estes acontecimentos não geraram nos fariseus a crença suficiente para que e que eles reconhecessem que Jesus era o filho de Deus. Preferiram eles (os fariseus), mal dizer do Salvador. (Mateus 12:22-24).

Jesus, porém, através do Santo Espírito de Deus, conhecia dos pensamentos daqueles homens vis, e enxergava neles a presença do maligno. Por isso lhes afirmou falou em metáfora que um Reino dividido estava fadado a ruína.

O Reino Interior

O que Jesus lhes falava, e pode ser que eles não entenderam (ou não quiseram entender), diz muito para nós nos dias hoje. O reino que o Mestre comentava no verso acima era o Reino dos Céus, que está dentro de cada um de nós. Isso o próprio Jesus já havia ensinado aos fariseus (e a todos nós) em outro momento de seus diálogos.

Certa vez, tendo sido interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, Jesus respondeu: ― O reino de Deus não vem de modo visível. Tampouco se dirá: “Aqui está ele!” ou “Lá está!”. Porque o reino de Deus está entre vocês”. (Lucas 17:21).

O que Salvador lhes dizia é que por mais que eles (os fariseus) por fora fossem homens que buscassem apresentar uma imagem de retidão, religiosa, de tementes a Deus, por dentro, estavam divididos (e por isso arruinados). Ainda que buscassem à Deus pelo estudo da palavra e o cumprimento das tradições, havia neles um governo interno duplo (um reino dividido), em que uma das posições estava sendo dirigida pelo diabo.

E Jesus tinha certeza disso, não só pelas palavras que os fariseus diziam, as quais já eram suficientes para conhecer seus pensamentos e seus corações (Mateus 12:34-35), mas em especial pelo que eles guardavam em sua mente, a qual era conhecida de Jesus (Hebreus 4:13).

Começamos aqui então uma das grandes reflexões propostas por este texto: Deus conhece nossos pensamentos (Salmos 139:1-2) e precisa da nossa mente liberta, não dividida. Somente assim Ele poder estabelecer seu Reino dentro de nós e governar a nossa vida e tudo que a ela está ligado (1 Crônicas 29:11)!

É o que Jesus nos ensinou a declarar e profetizar, “Pai nosso que estais no céu (…) venha em nós o Teu Reino” (Lucas 11:2). É o que devemos fazer, ligar aqui na terra, chamando a existência, o que já está separada para nós nos céus (Mateus 18:18).

O que o Messias enxergava nos fariseus é o que Ele pode também estar enxergando em nós (em mim e em você), se não vencermos a batalha da nossa mente. Por natureza, somos impuros, pecadores. “O Senhor conhece muito bem todos os pensamentos humanos, e sabe o quanto são fúteis” (Salmos 94:11).

A divisão do Reino

Desde a criação o homem recebeu o direito de governar sobre tudo que havia na terra (Gênesis 1:28), inclusive sobre si mesmo (livre arbítrio). Porém, logo no início falhamos! Cedemos o que era nosso por direito (o governo sobre as coisas e sobre nós) à Satanás. Permitimos que o diabo nos enganasse e nos levasse ao erro, nos enchendo de sua vaidade e orgulho (Gênesis 3:1-6) e, com isso, demos a ele a legalidade de se instalar em nossa mente, levando nosso coração a pecar.

Fomos criados para ser templos de Deus (1 Coríntios 6:19), tendo em nós estabelecido o seu Reino, onde somente Ele deveria habitar (Ezequiel 37:26-27). Porém, demos livre acesso aos agentes do inferno para adentrar a nossa mente. Dividimos o governo do nosso reino interior e nos afastamos da presença de Deus.

Por esse afastamento, tirando de nós o Seu Reino e, assim, afastando a nossa proximidade e intimidade com Ele, é que Ele pergunta a cada um: “Onde você está? (…) Que é isso que você fez?” (Gênesis 3:9,13). Com o pecado original cedemos ao diabo o direito de habitar na nossa mente e nos levar a sujar nosso coração. Nos posicionamos em um lugar diferente do que Ele quer, em que o governo não é do Senhor.

Incitados pela vaidade, pelo orgulho, permitindo a entrada do engano em nossa mente, passamos a nos desenvolver e nos multiplicar contaminados pelo mal. Trouxemos em nós a partir da queda, de geração em geração, uma mente doble, cheia de pensamentos ruins. Oscilante, vacilante, fraca, concupiscente, perniciosa.

Em nova ocasião, mais uma vez confrontando os fariseus pela falsa beleza exterior que buscavam aparentar em seus comportamentos legalistas, decorrentes da tradição judaica, enxergando interior daqueles daquelas pessoas, Jesus lhes disse (Mateus 7:21-23):

“(…) do coração dos homens saem os maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os roubos, os homicídios, os adultérios, as cobiças, as maldades, o engano, a devassidão, a inveja, a calúnia, a arrogância e a insensatez. Todos esses males vêm de dentro e tornam o homem impuro”.

Isso mesmo que lemos! Todos estes males já estão dentro do coração do homem por conta da sua queda no Jardim do Éden. E este pecado original possibilitou e, ainda possibilita até hoje, que Satanás, por seus principados e potestades, por demônios de toda ordem, ocupem lugar em nossa mente, tornando nosso reino interior dividido.

E um reino dividido tem um só destino, a ruína. E ele não se destrói sozinho. Foi o que ensinou Jesus em Mateus 12:25. Um reino dividido destrói consigo as cidades e casas onde o homem se faz presente. Portanto, a divisão interna que possa existir em nós, em nossas mentes e em nossos corações, tem efeito nefasto não apenas sobre nós (em nosso reino interior). Ele afeta também as nossas relações exteriores prejudicando famílias, casamentos, negócios, amizades, igrejas e tantas outros ambientes e lugares onde possa haver a presença humana em suas múltiplas relações.

Mas o que queremos neste texto inicial refletir não é a destruição exterior provocada pela divisão de reino da mente humana, mas sim a destruição interior, a ruína do próprio homem em si. É sobre esta batalha diária, a batalha da mente humana em relação a ela mesma, “do homem x o homem” que queremos tratar.

A batalha interior

Em Romanos 1:18-32 encontramos Paulo nos ensinando que Deus se ira contra o homem porque apesar da magnitude excelsa do Criador (demonstrada tantas e tantas vezes ao homem ao longo a sua história), o ser humano ainda continua com sua mente com um governo dividido, sendo afetado pelo diabo.

O homem tem preferido crer na sua capacidade (inteligência) a reconhecer Deus e temê-lo em obediência, disciplina e respeito. O homem tem buscado por si mesmo nas questões da vida do que ao próprio Criador. “Não o glorificam como Deus, nem lhe rendem graças”. Ao invés disso tem feito dos seus pensamentos um ambiente de futilidade e dos seus corações um lugar e insensatez e obscuridade.

Por esse desrespeito, indisciplina e desobediência é que o Senhor entregou a humanidade a si mesma e, por seu reino estar dividido, ela tem sido levada a “uma disposição mental reprovável, para praticar o que não deve”. Embora conhecedora “do justo decreto de Deus”, tem “merecido a morte”, eis que continua a ter seu reino também ocupado por Satanás, que lhes incita a pecar constantemente (e o preço do pecado, todos sabemos: é a morte – Romanos 6:23).

Navegando nos ensinamentos da carta de Paulo aos Romanos (1:28-32) temos reafirmado o outrora já dito: de que o governo dividido (permitindo que o inferno se instale em nós) tem nos levado a “toda sorte de injustiça, maldade, cobiça e depravação”. Estamos “cheios de inveja, homicídio, rivalidades, engano e malícia”. Somos “bisbilhoteiros, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, arrogantes e presunçosos”; Inventamos “maneiras de praticar o mal”; desobedecemos aos nossos pais; somos “insensatos, desleais, insensíveis, sem misericórdia”.

Porém, nós que nos afirmamos cristãos, não podemos deixar que isso se perpetue sobre nós mesmos. Precisamos vencer esta batalha que está sendo travada na nossa mente, estabelecendo nela um Reino único, que é o de Deus. O Evangelho nos chama a esta responsabilidade de vencermos a nós mesmos (Lucas 9:23-25). Devemos matar o velho homem que há em nós para, através do novo homem que se fizer, deixarmos que Cristo nos habite e nos governe com exclusividade.

Isso pressupõe uma necessária mudança de mentalidade, uma vitória nossa dentro da nossa mente, para dela expulsar de vez Satanás e restabelecer um só governo sobre nós mesmos, o do Rei da Glória. Temos a obrigação de deixar com que o Reino de Deus se aperfeiçoe internamente em nós, não mais possibilitando que a nossa mente seja um reino dividido e, assim, arruinado.

Na carta aos Efésios 4:17-24 Paulo nos afirma sobre isso, textualmente dizendo: “Assim, eu digo a vocês, e no Senhor insisto, que não vivam mais como os gentios, na inutilidade dos seus pensamentos. Eles estão obscurecidos no entendimento e separados da vida de Deus pela ignorância em que estão, por causa do endurecimento do seu coração. Tendo perdido toda a sensibilidade, eles se entregaram à devassidão, cometendo com avidez toda espécie de impureza. Todavia, não foi isso que vocês aprenderam de Cristo. De fato, vocês ouviram falar dele e nele foram ensinados de acordo com a verdade que está em Jesus. Quanto à antiga maneira de viver, dispam‑se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, para serem renovados no modo de pensar e se vestirem do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e santidade provenientes da verdade”.

Como visto, Paulo nos exorta a vencermos a batalha que há em nós. Ele nos chama para nos despirmos do velho homem pela renovação da nossa mente, a fim de atingirmos a nossa natureza original: sermos a imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1:26).

Estabelecendo o Reino de Deus em nós

Convencidos do pecado e conscientes de que pela obra do Cristo ressurreto “o príncipe deste mundo já está condenado”, devemos por Justiça e Juízo que vêm de Deus (João 16:8-11), estabelecer de vez o Reino de Deus dentro de nós, retirando as ocupações que o diabo faz em nossa mente.  

Se pelo amor de Cristo Jesus já somos mais do que vencedores sobre o inferno (Romanos 8:37), como podemos acabar com o reino dividido que há em nós? A resposta é: precisamos matar o velho homem, e isso só será possível através da transformação da nossa mente!

Sermos perdoados dos nossos pecados já fomos com a morte de Jesus. Por seu sangue Ele nos remiu e pagou o preço da nossa liberdade (Efésios 1:7). Por seu sacrifício em amor tornou sem efeito as acusações dos erros do passado que recaíam sobre nós (Isaías 43:25) e nos deixavam aprisionados ao maligno (Provérbios 5:22), sendo escravos em seu reino instalado em nossa mente.

Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, devemos permanecer firmes e não nos deixar submeter novamente a um jugo de escravidão”. (Gálatas 5:1)

E para não voltarmos a ser escravos do inferno em nossa mente, tendo um reino interior dividido e arruinado, devemos estar atentos quanto a maneira de alcançar a nossa transformação e consequente renovação. Não podemos querer nos reconstruir a partir de nós mesmos, pois, mais uma vez falharemos. Se buscarmos por nós mesmos nos reconstruir, ainda que tenhamos matado o velho homem, ele será novamente refeito. Agir por nós mesmos, é atuarmos como “o homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia; E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda”. (Mateus 7:26-27).

Temos que ser como o homem prudente, “que edificou a sua casa sobre a rocha; E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha”. (Mateus 7:24-25).

Paulo nos exorta claramente sobre isso dizendo: “Porque, se volto a edificar aquilo que destruí, a mim mesmo constituo transgressor”. (Gálatas 2:18).

A maneira que temos de construir sobre a rocha, vencendo a nós mesmos, matando o velho homem para que o novo homem possa surgir, e com ele um Reino único em que Deus está assentado no trono, ao centro e tudo, é abrirmos mão de quem somos. É preciso que Cristo seja em nós. Somente Ele em nós. Nada de nós, só Ele. Porque Jesus, por sua luz, é o único capaz afastar as a escuridão das trevas (João 1:5) e impedir que voltemos a ter a nossa mente dividida. Ele nos afirmou isso: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida“. (João 8:12).

Com a destruição do velho homem e uma mente transformada, ligada com exclusividade a Jesus, poderemos então afirmar a nós mesmos: “já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gálatas 2:20). E com Ele em nós, não há mais reino dividido e nem ruínas. Já não há mais escravidão e nem medo! (Gálatas 4:7).

A responsabilidade é nossa

O que precisamos ter a consciência, é que a transformação da nossa mente não é feita por Cristo, ela é feita por nós! É uma escolha nossa, exclusivamente nossa, não querermos mais ser pecadores. É uma guerra nossa querermos matar o velho homem no qual o reino é dividido. É uma decisão nossa escolhermos que Cristo viva em nós e implante dentro de nós o seu majestoso Reino.

Sim, é verdade que Deus nos capacita com seu Santo Espírito, se quisermos, para a vencermos esta batalha em nossa mente. Ele faz isso nos dando (a cada um) um espírito de Poder, Amor e Equilíbrio, ao invés de um espírito de medo (2 Timóteo 1:7). Mas a vontade e a ação precisam ser nossas!

Frente a esse reino interior dividido Ele que há em nossa mente, Ele diz: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo”. (Apocalipse 3:20).

Jesus não impõe sobre nós seu amor, muito menos força a constituição de seu Reino dentro de nós! Não, seu amor nos espera e já nos foi demonstrado nos libertando da escuridão pela sua morte de cruz e nos levando até onde podemos ter em nós o seu Reino. (Colossenses 1:13).

Todavia, ter ou não ter o Reino de Deus em nós, com exclusividade, e não dividido com o inferno, é uma decisão nossa e precisa, tanto do nosso querer, como do nosso fazer, para poder acontecer! Fomos nós quem demos abertura ao inferno para ele ocupar a nossa mente e nos dividir, nos conduzindo a ruína. Agora, então, somos nós quem devemos desalijá-lo de dentro de nós, restabelecendo a posse a e a propriedade do Reino de Deus em nós.

E todos, sem exceção, todos nós, somos capazes de transformar a nossa mente para que isso seja possível!

Na carta que Tiago escreve a todos os cristãos ( “às doze tribos dispersas entre as nações”, ou seja, para nós) ele nos chama a atenção para não a aceitarmos a situação de termos a mente dividida, a fim de não sermos “semelhante à onda do mar, levada e agitada pelo vento” (Tiago 1:6). Pelo contrário, ele nos provoca a agirmos em fé, afirmando: “uma pessoa dessas não pense que alcançará do Senhor alguma coisa, sendo indecisa e inconstante em todos os seus caminhos”. (Tiago 1:7-8).

Paulo, na carta aos Romanos 12:2, também é claro em nos responsabilizar pela transformação da nossa mente. A atitude precisa ser nossa! Nós devemos querer e assumir nossa responsabilidade de matar o velho homem! O Evangelista textualmente nos adverte: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem‑se pela renovação da sua mente, para que vocês experimentem a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.

A boa, perfeita e agradável vontade de Deus só será realizada com seu Reino implantado dentro de nós. Somente assim poderemos alcançar e experimentar das promessas que Ele tem para nós.

Paulo ao falar aos Coríntios sobre a segunda vinda do Messias, muito nos diz hoje sobre o reino da nossa mente. Ele nos leva refletir, profeticamente, sobre o dia que temos que alcançar em nossas afirmando: “E então virá o fim, quando ele entregar o Reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder. Porque é necessário que ele reine até que tenha posto todos os inimigos debaixo dos seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte”. (1 Coríntios 15:24-26).

É nesse dia, em que nossa mente estiver liberta e em nós estiver se instalada o Reino de Deus, que não apenas nos reconheceremos como salvos, mas sim como filhos (Efésios 1:5) e herdeiros (Efésios 1:11).

É com esse Reino em nossa mente, de um só Senhor e Salvador, Jesus Cristo, que teremos vida longa, honra e prosperidade (Provérbios 3:16).

Indo a batalha

Precisamos retirar a posição que Satanás ocupa em nossa mente. Precisamos declarar profeticamente que o Reino do nosso interior é de Deus e que Jesus é quem está assentado no Trono, governando com Poder e Autoridade sobre godos os anjos, potestades e poderes que possam existir (1 Pedro 3:22).

Além de declarar, precisamos agir, gerar, nos movimentar! Devemos pôr em prática tudo o que aprendemos, recebemos, ouvimos e vimos”. (Filipenses 4:8-9). Temos que impedir Satanás de ocupar o governo de nossas vidas!

É por conta desta usurpação do domínio que o diabo exerce sobre a nossa mente, por permissão nossa, que vivemos tempos de pessoas tão adoecidas da alma e do corpo. Doenças psíquicas e psicossomáticas têm crescido assustadoramente e confirmam a verdade: um reino dividido é um reino arruinado!

Vivemos tempos em que as pessoas não se reconhecem como filhos de Deus, nem mesmo se acham merecedoras de serem seus herdeiro, muito menos ocupam a sucessores do Trono de Glória!

Mas a promessa é essa e devemos tomar posse dela, trazendo a existência o que ainda não existe (Romanos 4:17). Temos que estabelecer em nós o Reino de Deus, pois, é nele que seremos filhos, herdeiros, sucessores, vivendo desde já (e por toda a eternidade) as maravilhas que Ele planejou para cada um.

Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais”. (Jeremias 29:11).

Os que sabem se posicionar como sucessores do Trono de Glória, que dominam a sua mente e estabelecem um Reino de um só Pai, um só Senhor soberano, sob a autoridade de Jesus, vivem o extraordinário nesta vida, tendo acesso a todas as bençãos que precisam.

“Peçam, e será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta será aberta. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e àquele que bate, a porta será aberta”. (Mateus 7:7-8).

Mas é preciso estar claro para todos nós que essas portas proféticas só se abrirão quando o Reino de Deus estiver instalado com exclusividade em nós. Aquele que guardar sua palavra, não negar seu nome, manter seu Reino interior exclusivo ao Senhor, a estes Ele promete: “o que Eu abrir ninguém pode fechar, e o que eu fechar ninguém pode abrir.” (Apocalipse 3:7-8).

A estes que não tem a mente dividida Ele concederá o direito de acessar no Reino ambientes sobrenaturais especiais, porque nestes poderá confiar ao ponto de reconhecer sua posição de herdeiro e sucessor, dizendo: “Eu darei a você as chaves do Reino dos céus; o que você ligar na terra terá sido ligado nos céus, e o que você desligar na terra terá sido desligado nos céus“. (Mateus 16:19).

Os desafios da batalha

A batalha não é fácil, e nem foi dito que seria. Pelo contrário, Jesus, que nos conhece desde antes de sermos concebidos pelos nossos pais, gerados no ventre da nossa mãe (Jeremias 1:5) nos disse: “Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo” (João 16:33). E essas aflições sobre o mundo que estamos tratando, as quais ocorrem no campo de batalha da mente, a fim de constituir um Reino único sem divisão dentro de nós, realmente foram vencidas por Jesus e Ele delas nos compartilha para que tenhamos paz e mantenhamos o bom ânimo, a força e a coragem!

O próprio Cristo após receber seu batismo no Espírito Santo foi levado ao deserto, onde jejuou por 40 dias e noites e logo após foi tentado por Satanás. O que o diabo queria: legalidade para entrar no reino interior de Jesus, dominar sua mente, e em seguida seu coração e seu espírito.

Jesus resistiu ao diabo e ele se afugentou. Jesus sujeitou-se somente a Deus (Mateus 4:1-11), mantendo o Reino interior com um só governante, o Abba.

E é para isso que somos encorajadas: a nos submetermos somente a Deus. Resistirmos ao Diabo para que ele fuja de nós. A mantermos o Reino sem divisão, nos aproximando de Deus, porque assim Ele se aproximará de nós! Devemos limpar a nossa mente e purificar o nosso coração, não tendo a mente dividida.

Mesmo cientes de que temos a capacitação do Espírito Santo e com isso temos em nós um espírito de Poder, capaz de expulsar Satanás do nosso reino pessoal, ainda assim, não agimos, ou, quando atuamos, o fazemos pelas nossas próprias forças e de novo o velho homem ganha espaço.

Aqueles que não atuam, não o fazem porque se sentem incapazes. Mas “não sobreveio a vocês tentação que não fosse comum aos homens. E Deus é fiel; ele não permitirá que vocês sejam tentados além do que podem suportar. Mas, quando forem tentados, Ele mesmo providenciará um escape, para que o possam suportar”. (1 Coríntios 10:13). Logo, nada justifica ficar parado. No espiritual, águas paradas são mornas. Nem quentes para promover cura, nem frias para poderem ser consumidas. E águas mornas serão descartadas! (Apocalipse 3:15-16).

Já outros, insistem em confiar em carros e cavalos e pensam poderem fazer por si só.  O homem pecador, “em sua presunção não busca a Deus; não há lugar para Deus em nenhum dos seus planos”. (Salmos 10:4).

O homem, negando a todo tempo a Deus, busca na filosofia, na sociologia, na psicologia e em tantas outras formas mais vencer a Satanás. Só que essa não é uma guerra natural, e sim espiritual. “Nossa luta não é contra sangue e carne, mas contra os poderes e as autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas e contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais”. (Efésios 6:12).

Devemos por isso buscar no Espírito Santo a capacitação necessária para a nossa vitória. A guerra é nossa, as estratégias e armas são do Senhor! “Pois, embora vivamos como homens, não lutamos segundo os padrões humanos. As armas com as quais lutamos não são deste mundo, mas poderosas em Deus para destruir fortalezas. Destruímos argumentos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus e levamos cativo todo pensamento para torná‑lo obediente a Cristo”. (2 Coríntios 10:3-5).

A mente de Cristo

Eis aqui a grande estratégia que devemos usar para vencermos esta batalha que nos foi direcionada: tornar a nossa mente e os nossos pensamentos cativos a Cristo.

Assim fazendo, não estaremos batalhando com as forças humanas que existem em nós, nem mesmo com nossas ciências e inteligência. Não! Estaremos acessando o plano sobrenatural onde, pelo Espírito Santo, seremos capazes de vencer a Satanás em nossa mente.

Quando tornamos nossos pensamentos cativos a Cristo, estamos levando para a cruz nossas vontades, nossas vaidades, nosso orgulho, nossa prepotência, nossa autossuficiência, nossa independência. Estamos afirmando nos céus e terras que o velho home morreu, e o novo homem é preenchido por completo por Cristo, submisso a direção de Deus, ao seu fazer e ao seu querer, atuando de acordo com a Sua boa vontade. (Efésios 2:13-16).

O homem natural é o próprio velho homem! Precisamos ser um homem espiritual e isso só é possível tendo a mente de Cristo.

Paulo assim ensinou aos Coríntios 2:12-15: “Nós, porém, não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que procede de Deus, para que entendamos as coisas que Deus nos tem dado por sua graça. Delas também falamos, não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito Santo, explicando o que é espiritual com palavras espirituais. O homem natural não aceita as coisas que vêm do Espírito de Deus, pois para ele são loucura; não é capaz de entendê‑las, porque elas são discernidas espiritualmente. Contudo, o homem espiritual julga todas as coisas, e ele mesmo por ninguém é julgado”.

Quando buscamos tornar nossa mente e nosso pensamento cativos a Cristo, pelo Poder capacitador que há no Espírito Santo, passamos a ter a própria mente do Cristo em nós (2 Coríntios 2:16). Com a mente de Cristo nos tornamos capazes de, pela espada da Palavra de Deus, que sai da boca de Jesus (Apocalipse 19:15), e estando Ele em nós sai da nossa própria boca (Salmos 37:30), vencer o diabo na batalha da nossa mente, restituindo o espaço do nosso Reino interior ao Senhor (Hebreus 4:12).

Precisamos a todo tempo fixar nosso pensamento em Jesus (Hebreus 3:1) e pensar nas coisas que provém de Deus, porque pelo Espírito de revelação, iremos vencer nossos pensamentos contaminados pelo inferno e seremos vitoriosos em Cristo.

Mais que vencedores

A batalha em nossa mente requer o equilíbrio e isso só é possível com a mente de Cristo, com Ele em nós. Não podemos vacilar e nem nos acharmos capazes. Sim somos responsáveis, mas ao mesmo tempo incapazes, insuficientes, incompletos, imperfeitos, de modo que somente com Cristo em nós teremos esperança da glória (Colossenses 1:27).

A todo tempo temos que ter claro que a soberba precede a nossa ruína, e a altivez do espírito a nossa queda. Temos que ser humildes de espírito (Provérbios 16:18-19) e não podemos estar ansiosos por coisa alguma, porque a ansiedade é campo fértil para o inimigo agir e querer nos dominar.

Devemos levar a Jesus Cristo toda nossa ansiedade (tornando cativos nossos pensamentos de medo), porque Ele cuida de nós. Estejamos alertas e vigilantes. O Diabo, o nosso adversário, ronda ao nosso derredor como um leão, rugindo e procurando a quem devorar, procurando brechas, legalidades para tomar posse do governo da nossa mente. (1 Pedro 5:7-8).

A guerra é nossa, a vitória está Nele! Se formos fiéis e leais, seremos mais que vencedores em Cristo Jesus (Romanos 8:37). Quando formos para esta guerra contra Satanás não podemos ter medo, pois, o Senhor, o nosso Deus, estará conosco. (Deuteronômios 20:1).

Devemos abandonar os nossos pensamentos e a todo tempo buscar entrar no ambiente celestial, alcançando a mente de Cristo (Isaías 55:6-7). Nossa mente precisa estar focada nas coisas que são do alto (Colossenses 3:2).

Devemos pelo conhecimento e entendimento da Palavra afiar nossas espadas, pois, ai seremos bem sucedidos. Foi o que o Senhor ensinou a Josué e o que Ele nos ensina hoje em dia:

“Somente seja forte e muito corajoso! Tenha o cuidado de obedecer a toda a lei que o meu servo Moisés ordenou a você; não se desvie dela, nem para a direita nem para a esquerda, para que você tenha êxito por onde quer que andar. Não deixe de mencionar as palavras deste livro da lei e de meditar nelas de dia e de noite, para que você cumpra fielmente tudo o que nele está escrito. Desse modo, você fará prosperar os seus caminhos e será bem-sucedido. Não fui eu que ordenei a você? Seja forte e corajoso! Não se apavore nem desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar”. (Josué 1:7-9)

Quem conhece da Palavra e busca a mente de Cristo não terá um Reino dividido em sua mente, porque derrotará Satanás pela força do Senhor. Aquele que não esquece da Palavra de Deus e a guarda em seu coração não verá a ruína do seu Reino, mas sim prolongará a sua vida por muitos anos, com prosperidade e paz. (Provérbios 3:1-2).

O Senhor nos vivifica por sua Palavra (Salmos 119-107) nos dando a vitória que Ele quer para nós. Por isso, nesta campo de batalha da mente, a todo tempo, para preservação do governo único e soberano de Deus em nosso Reino interior, devemos pensar no “que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, que for excelente e digno de louvor”. (Filipenses 4:8).

Um só Reino em nós: O Reino de Deus

Assim é que, em meio a essa guerra espiritual, é fundamental reconhecermos que a mente é o campo de batalha principal onde Satanás tenta tornar dividido o nosso reino interior. Através de enganos e estratégias meticulosas, ele busca nos escravizar em pensamentos que se opõem ao conhecimento de Deus, nos levando ao pecado e, por consequência a ruína do Reino de Deus em nós.

Como seguidores de Cristo, não estamos desarmados nesta luta.

Jesus nos ensinou em João 8:31-32 que a verdade nos libertará. A chave para vencer as mentiras de Satanás é matarmos o velho homem e nos fazermos novos, preenchidos por Cristo, com sua mente em nós, pois, nela não habita o pecado. Assim, a partir daí, transformados em verdade e espírito, poderemos nos valer da Palavra de Deus para derrotar o inimigo em nossa mente.

Tendo a mente de Cristo, podemos erguer a espada da Palavra de Deus como a verdade que desmantela as fortalezas estabelecidas pelo inimigo em nosso reino interior.

Em Lucas 4:18, Jesus proclama que veio para libertar os cativos, o que inclui aqueles aprisionados por fortalezas mentais. Ele nos promete liberdade e vitória em todas as áreas de nossa vida se estivermos dispostos a seguir o Caminho com Ele, por Ele e para Ele (Romanos 11:36).

Embora a batalha seja intensa e nossas mentes sejam o campo de guerra, da mesma forma que a responsabilidade por destronar Satanás é nossa, não estamos sozinhos. Deus está conosco, lutando por nós e nos capacitando a vencer. É Ele mesmo quem nos assegura que não nos deixará enfrentar tentações além do que podemos suportar (1 Coríntios 10:13). Ele sempre proporcionará uma estratégia vitoriosa aos que querem se libertar e assegurar seu Reino interior, permitindo-nos escapar das armadilhas de Satanás.

Portanto, encorajo cada um de nós a cada vez mais a se apegar à verdade da Palavra de Deus. Transformando e renovando a todo tempo a nossa mente, nos esvaziando de nós mesmos e nos enchendo de Jesus. Vigiando nossos pensamentos, buscando a todo tempo torná-los submissos a Cristo. Utilizando as armas espirituais que Ele nos deu. Ao fazermos isso, não apenas defendemos nossa mente contra o inimigo, mas asseguramos o Reino do Senhor em nós, avançando rumo à plenitude da vida que Deus nos preparou, como filhos, herdeiros e sucessores. Uma vida na qual nosso Reino interior não está dividido, mas firmemente estabelecido sob o governo soberano de Cristo.

por, diácono Mílard Zhaf – IC

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